Num fim de tarde de um dia quente e
bonito, aos poucos nuvens cinzentas aparecem no céu azul brilhante. Algumas
gotas de chuva chegam a cair, mas não chegam a molhar. Não entristecem o dia. O
sol não se foi de todo, está lento agora, faz uma longa pausa como se não
quisesse ir embora. E não está mais sozinho.
Quando o céu fica assim, de manhã até
a tarde, num azul radiante, no fim do dia cria uma linha rósea suave como que
querendo deixar uma lembrança de todo esse dia. Os morros e prédios da cidade
ali abaixo, os barcos e as igrejas, tudo, parecem um quadro; parecem obra do
divino, ou seja lá que nome se dá. Mas que não é humano. Humano é quem vê, quem
procura a beleza que não é sua. Nem mesmo a beleza da cidade e suas obras de
arte em concreto.
Quando o céu fica assim e o sol se
deixa envolver pelo cinzento que também deseja ser estrela, os carros param. O tempo
para, e até os pássaros voam mais devagar para contemplar a harmonia desses
encontros.
O céu, o sol, as nuvens, a
cidade...
O sol até fica mais imponente, o
rei não se entrega facilmente, encontra a fraqueza de quem o ataca. Ele não
está mais na sua majestosa forma de bola amarela, é verdade, mas também não se
deixa esconder pelas nuvens carregadas que o cercam. Ele dá um jeito, e
participa da festa. Uma festa que celebraria sua rendição, virou a festa em sua
contemplação em que seus raios seduzem
as nuvens, e elas, entregues, se deixam envolver e os deixam passar. Assim o
rei brilha.
O rei e sua corte se despedem, o
tempo, os carros e a cidade agora tem pressa, querem acompanhar o cortejo. Todos
estão presentes, e partem, e não há mais o que desejar daqui de baixo. Os homens
se esquecem de contemplar.
Um comentário:
Você possui a habilidade de desacelerar os dias.
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