sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Banho de chuva

Como poderia começar a me justificar? Não, não há jeito. Estou perdido entre as ruas.

Gosto de chorar de vez em quando pra aliviar a alma. O problema é que o “de vez em quando” se transformou em “frequentemente”. - Imagino!

Gosto de olhar as ruas e as pessoas que transitam nelas. São todos muito parecidos, apesar das formas. Apressados demais, arrumados demais, indiferentes. Mas é por isso que gosto daqui. No frio, no calor, nos dias de sol, no céu cinzento. Não é possível ficar indiferente. Esta cidade possui um efeito devastador em quem a vê: faz qualquer um apaixonar-se por ela e não querer mais ir embora. Mas, apesar da beleza de todo dia que vejo ao abrir a janela: o violino tocando em frente ao mercado, a flauta que repete os hinos dos clubes de futebol, o funk do alto-falante de um carro que passa, eu tenho vontade de chorar muitas vezes. Como hoje. E o que será isso? Bem, cenas dos próximos capítulos...

Na verdade, minhas lágrimas de hoje são sintomas de como o dia está se mostrando.
As nuvens cinzentas, pesadas e frias parecem representar o lado feio das coisas. Mas é tão bom um banho de chuva. Uma chuva de verão, daquelas que molham muito e duram pouco. Queria um banho de chuva agora para não ter que chorar.