segunda-feira, 19 de março de 2012

Promessas

Dezembro, 29

O tempo passa e todos pensam em como as coisas mudam, as pessoas, o trabalho, o clima, a cidade... E chega uma época em que todos parecem querer que as mudanças ocorram imediatamente, ficam estagnados pensando no que deveria mudar em suas próprias vidas, projetando as mudanças, quais os planos para os próximos meses e anos, o que transformar internamente para "abrir os caminhos" da oportunidade...
Num certo momento fazemos promessas ao mundo. Prometemos dar aquilo que acreditamos(e só acreditamos) ser capazes de realizar, e desejamos uma retribuição mais alta em relação ao que pretendemos fazer. Nosso esforço é mínimo mas a recompensa que se deseja é a máxima.
O ano começa outra vez. Outro ano, os mesmos anos se repetindo. 



Foto: Google

A cada novo ano que (re)começa, que está prestes a (re)começar, fazemos listas de presentes, transformações, desejos etc. e tal. Este ano decidi, finalmente, começar uma lista também...
Começo a lista em forma de carta porque pretendo enviá-la para mim mesma daqui a um tempo, vou esperar uns anos e ver se alguma coisa mudou, se algum desejo se realizou, se eu sobrevivi. O problema é que sempre que tento começar uma lista, imediatamente me vem a sensação de algo estar faltando, ou já ter a certeza de que não vou realizar os tais desejos, as prometidas mudanças...
1- Não farei  promessas para o outro. 2- Não direi que estarei lá se não sei se poderei. 3- Direi que vou fazer e, tentar, fazer o melhor que posso. 4- Não vou desistir ou abandonar algo no meio do caminho. 5- Contribuir para um mundo melhor.

Eis a lista pronta: a sensação de que algo falta já me absorve, e a de fracasso também. Enfim, o novo ano se aproxima e preciso meditar para aguardá-lo e realizar minhas transformações a tempo...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Nuvem e Tempestade

Nuvens negras volta e meia rondam minha cabeça. Em geral elas anunciam uma tempestade que se aproxima. Tempestade rápida, mas que pode provocar alguns desastres e tragédias, como ocorre geralmente.
A de ontem eu não chamaria dessa forma. Era uma nuvem solitária, persistente, carente, teimosa! E apesar de qualidades instigantes não revelava a tempestade que eu esperava, mas uma ventania, só para sacudir os parcos conceitos de antes.
Em geral não gosto de tempestades. Uma tempestade deixa tudo muito mais nervoso, tenso, fora do lugar, cada instante é agora e nada. E tudo. Tudo o que poder vir a ser, tudo o que deixou de ser. Hoje eu não queria nova tempestade, mas aquela nuvem parecia me perseguir. Ela rondava, rondava, deixava cair uma gotas de chuva e, não satisfeita por não ter atenção, enviava gotas cada vez mais fortes, era uma necessidade absoluta de dizer: "Ei, estou aqui! Olhe para cima!".
Foto/Edição: Elaine Pinto
Olhei. Olhei e continuei a caminhar. A outra parte do céu estava em azul claro, e o vento bagunçava os cabelos, a cabeça e as ideias. E quando as ideias cansaram de procurar o caminho de volta, onde estavam, o melhor a fazer era observar e esperar que a tempestade chegasse. 
Não chegou, mas vai chegar. 
Ela vai chegar de repente, como uma nuvem cinza, sem se anunciar, e, também sem qualquer propaganda, vai fazer a chuva cair para que cada ideia se encontre de novo, ou num lugar diferente.