quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Conversa de Casal XVII - Juízo de Gosto*


Ela [bebendo um gole]: essa é a melhor cerveja que eu provei hoje! [oferece]
Ele: hum. É,...diferente.

*casal convidado: Ana e Carlos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mathilda, de Mary Shelley

Ando sumida (como sempre), né?! Apareço vez ou outra rapidinho, faço uma brincadeira e depois sumo de novo. Desde que comecei com o blog me propus a escrever, a exercitar minha escrita etc. e tal, mas cadê a disciplina? Sempre coloco outras coisas que nem são prioritárias à frente dos meus contos, das resenhas sobre as leituras etc. etc. etc.

Mas como este não é um post de lamentação e sim de opinião sobre um livro que li (e já terminei faz um tempinho), vamos mudar de assunto. Vamos falar de Mary Shelley, cuja obra mais famosa é Frankenstein. Mas não é deste que vou falar, não. Hoje é sobre Mathilda, uma novela escrita por Mary Shelley em 1820, e que só foi publicada pela primeira vez em 1959.

Na orelha do livro tem um resumo: "A mãe de Mathilda, Diana, morre no parto. Seu pai, em desespero, deixa a recém-nascida aos cuidados de uma tia e sai para correr o mundo. Quando Mathilda tem 16 anos, ele volta, mas fica pouco tempo em sua vida. O terrível tormento de reviver a paixão por Diana na filha o consome.". Trágico. 

E eu achei bem isso mesmo. A vida de Mathilda é um dramalhão do começo ao fim. E eu adorei! Primeiro, porque a novela é escrita toda em primeira pessoa. Mathilda nos conta sobre a tragédia que separou sua família, sua infância com uma tia muito rígida e fria no trato com uma criança, o (re)encontro com o pai e as mudanças que se seguem daí. Paro por aqui porque o acontece depois é importante para compreender todo o percurso descrito por ela desde o começo da narrativa.

Foto: Elaine Pinto

Confesso que vez ou outra achei esta personagem um pouco infantil, com uma exigência por atenção e afeto exagerada, mas acabou me parecendo compreensível. Afinal, ela é muito jovem, e afeto foi o que sempre lhe faltou na vida. Não sei como em nenhum momento ela recusa a aproximação do pai. não se revolta, pois ele parece egoísta ao deixá-la com uma tia e ir tentar curar o luto sozinho e longe dela. Ela se sente abandonada, e por isso a demanda por carinho. Isso é tão cruel, porque ela espera a cada dia pela volta do pai, para resgatá-la daquela casa fria em que foi criada e finalmente viver em família. E toda essa tragédia que é a vida dela não abre espaço para que ela pense em outras coisas, como casamento. Há um momento em que um rapaz deseja cortejá-la e ela nem se dá conta, não se importa. O que a move é o afeto do e pelo pai, mas como diz o resumo do livro ele revive em Mathilda a paixão que sentiu pela mãe dela, e, bem, isso complica a relação entre os dois.

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Informações da publicação
Título: Mathilda
Autora: Mary Shelley
Tradução: Bruno Gambarotto 
1 ed. São Paulo: Grua Livros, 2015 (a arte da novela)


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Seguem alguns trechos:

Começarei minha narrativa - é minha derradeira tarefa, e espero ter força o bastante para cumpri-la. Não registro um crime; meus erros poderiam ser facilmente perdoados; pois eles não são decorrentes de qualquer vileza, mas da falta de juízo; e creio que poucos dir-se-iam capazes, por conduta diversa e sabedoria superior, de ter evitado as desgraças de que sou vítima. (p. 13)

Assim, meu pai, nascido abastado e sempre próspero, ascendeu ao pináculo da felicidade sem as dificuldades e as inúmeras frustrações que todos os seres estão destinados a encontrar. Em torno dele tudo era luz solar, e as nuvens cujas formas de beleza tornavam a paisagem divina afastavam dele a realidade nua e crua que se escondia sob elas. (p. 21)

Sim, o que eu sentia era desespero; pois pela primeira vez apossava-se de mim aquele fantasma; primeira e última, pois desde então ele jamais me deixou... (p. 64)

A solidão também perdia para mim alguns de seus encantos - começava novamente a desejar o contato com os demais; não que eu estivesse todo tempo tentada a buscar multidão, mas desejava ao menos um amigo que me amasse. (p.105)


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Mary Woolstonecraft Shelley (Londres, 1797- Londres, 1851), mais conhecida por Mary Shelley, foi uma escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da pedagoga e escritora Mary Wollstonecraft. Casou-se com o poeta Percy Bysshe Shelley em 1816. Autora de muitos livros, entre eles Frankenstein.



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Eu sou Malala - Leitura

Nessas minhas novas aventuras literárias considerando a vida e/ou obra de mulheres pelo mundo, eu ansiava por ler a autobiografia de Malala Yousafzai. Um dia fui à livraria com a intenção de adquirir uma biografia de uma mulher que tenha feito [e faça] a diferença no mundo. E saí de lá com a história de Malala.
Foto: Elaine Pinto


Malala é uma jovem paquistanesa que ficou conhecida no mundo inteiro depois de ter sido baleada pelo Talibã, que tentou matá-la por ela defender, ainda muito jovem, o acesso à educação para meninas.

O texto é muito interessante porque não se atém apenas ao atentado sofrido por ela e que a tornou conhecida mundialmente, mas o percurso dela desde muito jovem ainda e também o de sua família, principalmente o de seu pai, que, segundo as palavras de Malala sempre lutou para que crianças – inclusive as meninas –  pudessem estudar. Algumas tradições muçulmanas, os conflitos políticos no Paquistão e as relações com outros países etc.

Para mim é ainda difícil imaginar que meninas não possam estudar apenas por serem meninas. Mas ao ler a autobiografia de Malala pude ver que para certas coisas o mundo em que vivo não é tão diferente do dela. Mesmo que aqui (no Brasil) não existam grupos contrários à educação de meninas e mulheres existem grupos que são contrários a outros direitos de meninas e mulheres (por exemplo, este aqui).

Foi uma leitura muito interessante, aprendi muito. Mesmo considerando que é uma visão particular sobre alguns fatos para mim foi importante conhecer alguma visão, já que eu não sabia nada sobre o lugar (além das notícias políticas quando são de interesse mundial, como a captura de OsamaBin Laden). 

Separei alguns trechos que mostram a visão de Malala sobre sua vida:

Minha mãe é muito religiosa e reza cinco vezes por dia, embora não na mesquita, pois só os homens podem frequentá-la. Ela desaprova a dança porque diz que Deus não gostaria disso, mas adora se enfeitar com coisas bonitas, roupas bordadas, colares e pulseiras dourados. Acho que sou um pouco decepcionante para ela, pois pucei a meu pai e não ligo para roupas e joias. Fico entediada no mercado, mas adoro dançar aportas fechadas com minhas amigas de escola. (p. 31)

Nasci num tipo de democracia no qual, por dez anos, Benazir Bhutto e Nawaz Sharif substituíram um ao outro no poder, sem que seus governos completassem o tempo de mandato e sempre se acusando mutuamente de corrupção. Dois anos depois de meu nascimento, porém, os generais mais uma vez assumiram o controle da nação. Isso aconteceu de maneira tão dramática que mais pareceu coisa saída de cinema. Nawaz Sharifera primeiro-ministro. Desentendeu-se com o chefe das Forças Armadas, general Pervez Musharraf, e o exonerou quando o general se encontrava em um avião das linhas aéreas paquistanesas, voltando de uma viagem ao Sri Lanka. [...] O general Iftikhar, comandante local, dominou a torre de controle de Karachi para que o avião pudesse pousar. Musharraf tomou o poder e atirou Sharif numa cela em Forte Attock. [...] Sharif, acusado de traição, foi salvo por seus amigos da família real saudita, que negociaram seu exílio. (p. 84-85)

Meu pai costumava dizer que o povo do Swat e os professores haveriam de continuar a educar seus filhos enquanto a última sala, o último professor e o último aluno estivessem vivos. Meus pais nunca me aconselharam a abandonar a escola. Nunca. Embora amássemos estudar, só nos demos conta de quanto a educação é importante quando o Talibã tentou nos roubar esse direito. Frequentar a escola, ler, fazer nossos deveres de casa não era apenas um modo de passar o tempo. Era nosso futuro. (p. 156)

O diário de Gul Makai chamou muita atenção. Alguns jornais o reproduziram. Então a BBC o colocou no ar usando a voz de outra menina. Comecei a entender que a caneta e as palavras podem ser muito mais poderosas do que metralhadoras, tanques ou helicópteros. Estávamos aprendendo a lutar. E a perceber como somos poderosos quando nos manifestamos. (p.167)


Quando me falam do que aconteceu, da maneira como fui baleada, penso que se trata da história de Malala, “a menina baleada pelo Talibã”. Não sinto que se trate de uma história sobre mim. (p.315)

E para encerrar essa postagem, deixo esse vídeo em que Malala discursa na ONU e tem seu dua fala repetida por outras meninas ao redor do mundo que também lutam para ter acesso a uma educação gratuita, de qualidade, libertadora.



quarta-feira, 15 de julho de 2015

Conversa de Casal XV - Mimada

Na fila do supermercado.

Ela: Eu tô parecendo grávida com vontade de comer isso, comer aquilo.
Ele: Você é mimada.
Ela: É mesmo. Fui mimada pela minha mãe, meus tios, e agora por você.
Ele: É, melhor eu parar...
Ela:
Foto: Elaine Pinto

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Aleatórias


- Essas crianças hoje em dia, rapá, já nascem com os valores invertidos.

Assim disse ao seu companheiro de trabalho enquanto entregava o troco para mais uma passageira que subia no ônibus.



***

Em dias assim me sinto muito bem, não fosse tua ausência. Em seguida, sinto-me a pior das criaturas, cruel, mesquinha, egoísta, mas preciso do teu abraço. 


Parece até um sonho.



***

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Conversa de Casal XIII - O filme que a gente não fez



(Restaurante. Ela pede uma torta de chocolate, sua sobremesa preferida. Com todo o cuidado começa a apreciar o doce. Ao mastigar percebe algo estranho, mais duro, no meio da torta. Era uma aliança. Ela se levanta irritada, brandindo a aliança no ar.)

Ela: Que porra é essa? Quem foi o idiota que colocou essa merda na minha torta?

(Ele olha constrangido para os lados e tenta afundar a própria cabeça num copo de cerveja

quinta-feira, 5 de março de 2015

Conversa de casal XII - Dormindo de meias


Ele: Lembra daquela vez que a gente foi no jogo do Vasco, depois foi comer num restaurante no Largo do Machado, depois foi para um samba e depois pra uma festa na sede da UNE?

Ela: Pois é, a gente não tem mais disposição pra isso hoje em dia...

Ele: É, a gente tá ficando velho...

Ela: Pior que velho, a gente tá ficando burguês.

[e procura o antidepressivo]

quarta-feira, 4 de março de 2015

Pichação


A mensagem no muro dizia:


"Quando me apaixono, 
crio prazo de validade".



Foto: Google

sábado, 17 de janeiro de 2015

Conversa de Casal X - Aniversário


Ele [ao telefone]: Acho que não se lembrou, não. Peraí. Amor, você lembrou que ontem a gente fez dois anos de casamento?
Ela: Quem?
Ele: Nós.
Ela: Ih, lembrei não.