domingo, 9 de dezembro de 2012

Deus está olhando


Num fim de tarde de um dia quente e bonito, aos poucos nuvens cinzentas aparecem no céu azul brilhante. Algumas gotas de chuva chegam a cair, mas não chegam a molhar. Não entristecem o dia. O sol não se foi de todo, está lento agora, faz uma longa pausa como se não quisesse ir embora. E não está mais sozinho.

Quando o céu fica assim, de manhã até a tarde, num azul radiante, no fim do dia cria uma linha rósea suave como que querendo deixar uma lembrança de todo esse dia. Os morros e prédios da cidade ali abaixo, os barcos e as igrejas, tudo, parecem um quadro; parecem obra do divino, ou seja lá que nome se dá. Mas que não é humano. Humano é quem vê, quem procura a beleza que não é sua. Nem mesmo a beleza da cidade e suas obras de arte em concreto.

Quando o céu fica assim e o sol se deixa envolver pelo cinzento que também deseja ser estrela, os carros param. O tempo para, e até os pássaros voam mais devagar para contemplar a harmonia desses encontros.

O céu, o sol, as nuvens, a cidade...

O sol até fica mais imponente, o rei não se entrega facilmente, encontra a fraqueza de quem o ataca. Ele não está mais na sua majestosa forma de bola amarela, é verdade, mas também não se deixa esconder pelas nuvens carregadas que o cercam. Ele dá um jeito, e participa da festa. Uma festa que celebraria sua rendição, virou a festa em sua contemplação  em que seus raios seduzem as nuvens, e elas, entregues, se deixam envolver e os deixam passar. Assim o rei brilha.

O rei e sua corte se despedem, o tempo, os carros e a cidade agora tem pressa, querem acompanhar o cortejo. Todos estão presentes, e partem, e não há mais o que desejar daqui de baixo. Os homens se esquecem de contemplar.