Quando acordei, lembrei-me do sonho. Um sonho estranho. (Às vezes
acho que já poder sonhar, ver e fazer coisas enquanto durmo, é algo
incompreensível. Mas sonhamos ainda assim).
Foi um sonho longo. Muitas coisas aconteciam e tudo se misturava. As pessoas se misturavam umas nas outras e se transformavam numa terceira, pessoas que não conheço de verdade mas isso era completamente natural.
Chorei muitas e muitas vezes, e me via sempre só.
Estava na praia, no mar, nadando, até que não consegui mais, porém eu não afundava. As outras pessoas não me viam, e eu não conseguia sair do mar. Fiquei abandonada por horas, dias, sob o sol quente do verão. A consciência nunca me abandonava, o que não sei se é um privilégio ou um castigo. Sabia o que estava acontecendo, percebia que pessoas passavam ao meu lado. Eu as reconhecia. Fiquei tanto tempo com o sol sobre minha cabeça e meus olhos que não conseguia distinguir as pessoas das outras coisas.
Eu via tudo.
Foi um sonho longo. Muitas coisas aconteciam e tudo se misturava. As pessoas se misturavam umas nas outras e se transformavam numa terceira, pessoas que não conheço de verdade mas isso era completamente natural.
Chorei muitas e muitas vezes, e me via sempre só.
Estava na praia, no mar, nadando, até que não consegui mais, porém eu não afundava. As outras pessoas não me viam, e eu não conseguia sair do mar. Fiquei abandonada por horas, dias, sob o sol quente do verão. A consciência nunca me abandonava, o que não sei se é um privilégio ou um castigo. Sabia o que estava acontecendo, percebia que pessoas passavam ao meu lado. Eu as reconhecia. Fiquei tanto tempo com o sol sobre minha cabeça e meus olhos que não conseguia distinguir as pessoas das outras coisas.
Eu via tudo.
Penso que via.
E ninguém sabia que era eu ali, que estava imóvel, que estava indo e voltando com o bailar das ondas. Desisti de tentar sair. Desisti de tentar acordar os outros.
Foto/Edição: Elaine Pinto |
Quando acordei, o sal parecia estar em todo meu corpo, eu
parecia ter lutado a noite inteira contra as ondas, contra as algas. O sol
deixou suas marcas na minha pele e eu levantei como de uma ressaca.
Finalmente saí daquele mar de ondas fracas, que vinham e voltavam com constância, que me levavam de um lado para o outro, e eu sem ter onde apoiar. E eu sem ter como sair. Deixei-me ficar. Deixei-me levar por essas ondas inoportunas, inofensivas. Deixei-me prender pelas águas infinitas, pelo calor, pelo brilho da luz do sol.
Era o dia perfeito, não fosse a ausência da liberdade.