segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Eu sou Malala - Leitura

Nessas minhas novas aventuras literárias considerando a vida e/ou obra de mulheres pelo mundo, eu ansiava por ler a autobiografia de Malala Yousafzai. Um dia fui à livraria com a intenção de adquirir uma biografia de uma mulher que tenha feito [e faça] a diferença no mundo. E saí de lá com a história de Malala.
Foto: Elaine Pinto


Malala é uma jovem paquistanesa que ficou conhecida no mundo inteiro depois de ter sido baleada pelo Talibã, que tentou matá-la por ela defender, ainda muito jovem, o acesso à educação para meninas.

O texto é muito interessante porque não se atém apenas ao atentado sofrido por ela e que a tornou conhecida mundialmente, mas o percurso dela desde muito jovem ainda e também o de sua família, principalmente o de seu pai, que, segundo as palavras de Malala sempre lutou para que crianças – inclusive as meninas –  pudessem estudar. Algumas tradições muçulmanas, os conflitos políticos no Paquistão e as relações com outros países etc.

Para mim é ainda difícil imaginar que meninas não possam estudar apenas por serem meninas. Mas ao ler a autobiografia de Malala pude ver que para certas coisas o mundo em que vivo não é tão diferente do dela. Mesmo que aqui (no Brasil) não existam grupos contrários à educação de meninas e mulheres existem grupos que são contrários a outros direitos de meninas e mulheres (por exemplo, este aqui).

Foi uma leitura muito interessante, aprendi muito. Mesmo considerando que é uma visão particular sobre alguns fatos para mim foi importante conhecer alguma visão, já que eu não sabia nada sobre o lugar (além das notícias políticas quando são de interesse mundial, como a captura de OsamaBin Laden). 

Separei alguns trechos que mostram a visão de Malala sobre sua vida:

Minha mãe é muito religiosa e reza cinco vezes por dia, embora não na mesquita, pois só os homens podem frequentá-la. Ela desaprova a dança porque diz que Deus não gostaria disso, mas adora se enfeitar com coisas bonitas, roupas bordadas, colares e pulseiras dourados. Acho que sou um pouco decepcionante para ela, pois pucei a meu pai e não ligo para roupas e joias. Fico entediada no mercado, mas adoro dançar aportas fechadas com minhas amigas de escola. (p. 31)

Nasci num tipo de democracia no qual, por dez anos, Benazir Bhutto e Nawaz Sharif substituíram um ao outro no poder, sem que seus governos completassem o tempo de mandato e sempre se acusando mutuamente de corrupção. Dois anos depois de meu nascimento, porém, os generais mais uma vez assumiram o controle da nação. Isso aconteceu de maneira tão dramática que mais pareceu coisa saída de cinema. Nawaz Sharifera primeiro-ministro. Desentendeu-se com o chefe das Forças Armadas, general Pervez Musharraf, e o exonerou quando o general se encontrava em um avião das linhas aéreas paquistanesas, voltando de uma viagem ao Sri Lanka. [...] O general Iftikhar, comandante local, dominou a torre de controle de Karachi para que o avião pudesse pousar. Musharraf tomou o poder e atirou Sharif numa cela em Forte Attock. [...] Sharif, acusado de traição, foi salvo por seus amigos da família real saudita, que negociaram seu exílio. (p. 84-85)

Meu pai costumava dizer que o povo do Swat e os professores haveriam de continuar a educar seus filhos enquanto a última sala, o último professor e o último aluno estivessem vivos. Meus pais nunca me aconselharam a abandonar a escola. Nunca. Embora amássemos estudar, só nos demos conta de quanto a educação é importante quando o Talibã tentou nos roubar esse direito. Frequentar a escola, ler, fazer nossos deveres de casa não era apenas um modo de passar o tempo. Era nosso futuro. (p. 156)

O diário de Gul Makai chamou muita atenção. Alguns jornais o reproduziram. Então a BBC o colocou no ar usando a voz de outra menina. Comecei a entender que a caneta e as palavras podem ser muito mais poderosas do que metralhadoras, tanques ou helicópteros. Estávamos aprendendo a lutar. E a perceber como somos poderosos quando nos manifestamos. (p.167)


Quando me falam do que aconteceu, da maneira como fui baleada, penso que se trata da história de Malala, “a menina baleada pelo Talibã”. Não sinto que se trate de uma história sobre mim. (p.315)

E para encerrar essa postagem, deixo esse vídeo em que Malala discursa na ONU e tem seu dua fala repetida por outras meninas ao redor do mundo que também lutam para ter acesso a uma educação gratuita, de qualidade, libertadora.