Eu sei que este não é
um blog de crítica ou resenhas, mas hoje vou mudar um pouco a temática, apenas
a título de exercício e atualização do blog.
Há algumas semanas assisti
ao filme Anni felici (que em
português significa: Anos felizes), do italiano Daniele Luchetti. A história se
passa nos anos setenta em Roma, Itália, e é sobre um casal que vive uma intensa
paixão, mas que, com a mesma intensidade da paixão, está sempre às turras.
Foto: Cineblog.it |
Guido é um escultor que
tenta ter seu trabalho reconhecido, dá aulas em seu estúdio e cuida dos filhos
junto com a esposa, Serena. Ela é dona de casa, ciumenta, pouco interessada em
arte, mas muito apaixonada por Guido. O filho mais velho, o narrador da
história, em algum momento diz que Serena sabia convencer Guido de qualquer
coisa, apesar de não gostar de arte mas ser totalmente interessada naquele
artista. Os filhos, dois meninos,
Dario e Paolo são bonitos e espertos e sempre que o pai está em seu estúdio trabalhando
com modelos para produzir suas obras os dois são expulsos pelo pai.
Guido deseja ser
independente através de seu trabalho artístico, seja para provar para a sogra
que é capaz de sustentar a casa – como convém a um homem adulto, um “pai de
família” – seja para mostrar à própria mãe que ele é bom naquilo que faz. Essas
intenções não estão na linha de frente do filme, mas é possível perceber essa
preocupação tanto pelo narrador – que é o filho mais velho contando parte da
história – como pelas cenas em que Guido vai visitar a mãe e a família de
Serena.
O escultor tem em
Serena e nos filhos uma espécie de refúgio para onde pode voltar quando as coisas
não saem exatamente como planejadas. Como, por exemplo, na sua performance em uma
galeria de Milão e que foi criticada negativamente. Ao mesmo tempo ele deseja
manter a família, esse porto-seguro, afastado do seu trabalho, principalmente
Serena só que ela o contraria muitas vezes.
Sentindo-se desgastada
com essa intensa busca por manter Guido perto e manter-se a par do que acontece
com ele, como não ser apresentada aos amigos de Guido ou dele não permitir que
ela assista suas performances (e quando ela o faz para surpreendê-lo,
acreditando que ele vá gostar da surpresa, ele se sente humilhado), ela decide
“dar um tempo” nessa relação que também se mostra fatigada.
Serena viaja para a França
com os filhos a convite de Helke, que trabalha numa galeria onde Guido tem
algumas obras expostas à venda, para um encontro de feministas. Durante a
viagem as duas acabam se envolvendo.
Guido se sente
contrariado com a viagem de Serena e dos filhos, com esse afastamento, pois a
recepção de sua performance em uma galeria em Milão não foi positiva, e ele –
ao que parece – esperava ser amparado pela esposa mesmo ela não sabendo das
críticas que ele recebeu porque ele queria poupá-la. O mundo de Serena então se
amplia a partir dessa viagem, e ela até se esquece de sua mãe dizendo que ela
deu dois filhos a Guido e isso sempre o levaria de volta para ela. Serena
percebe que o mundo é maior e oferece mais possibilidades do que ela pensava
antes.
De volta a Roma, e de
volta para Guido, Serena não se esquece de Helke. Ela percebe que Guido é
sincero ao dizer que as relações que ele mantém (ou mantinha) com as modelos
que posavam para ele não interferem no que ele sente pela esposa. Porém quando
Guido assiste a um vídeo que o filho mais velho faz da viagem desconfia de que
tenha sido traído. Serena confirma o envolvimento com Helke e se dá conta de
que isso tem interferido na relação entre os dois.
É interessante observar
que o mundo de Serena era completamente voltado para o marido e os filhos. Todo
o resto não interessava a ela. Até que Helke pergunta o que Serena deseja. Ela
responde que deseja a felicidade de Guido, que ele se realize como artista, que
ele se encontre. Por que este é o desejo dela? Não deveria ser o de Guido? Serena
não estava nutrindo os próprios desejos, ela os projetava às realizações do marido.
Parece que para Serena se Guido estivesse satisfeito com o próprio trabalho, e
nisso talvez possamos entender como bem sucedido, reconhecido etc., a relação
entre os dois melhorasse, isto é, ela não ficaria “restrita” ao lar.
Devastado com a
revelação da esposa do envolvimento com Helke, Guido concentra-se no trabalho,
retoma alguns projetos e faz uma bela escultura (que é a “essência” de Serena,
tanto quanto pude entender) que dá novo significado à sua arte. Os dois tem uma
bela despedida.
Guido se sente
contrariado com a viagem de Serena e dos filhos, com esse afastamento, pois a
recepção de sua performance em uma galeria em Milão não foi positiva, e ele –
ao que parece – esperava ser amparado pela esposa mesmo ela não sabendo das
críticas que ele recebeu porque ele queria poupá-la. O mundo de Serena então se
amplia a partir dessa viagem, e ela até se esquece de sua mãe dizendo que ela
deu dois filhos a Guido e isso sempre o levaria de volta para ela. Serena
percebe que o mundo é maior e oferece mais possibilidades do que ela pensava
antes.